Pega Essa HQ – Uma Irmã

Uma Irmã traz retrato delicado da perda da inocência e do despertar do desejo.

A sensualidade francesa é criminosa

Sejam bem-vindos aos recônditos obscuros da nona arte! Se você curte HQs e tá afim de conhecer novidades, trarei mensalmente algumas obras que estão fora da curva e que valem a pena serem descobertas. Me acompanhe nessa jornada em busca dos Quadrinhos Lados B!

Vamos nessa?

Ok, todo mundo já sabe que a adolescência é um período perturbador mesmo assim mágico. As experiências vividas nessa época permearão praticamente toda a vida de uma pessoa seja para o bem ou para o mal. Alguns seguirão em frente. Outros ficarão pelo caminho. Mas é inegável o poder dessa época.

A adolescência machuca. É o mundo com o qual não podemos viver sem.

Eis que surge “Uma irmã”, quadrinhaço esculpido em lágrimas e sorrisos inocentes entregue pelas mãos de Bastien Vivés.

Tratar desse universo sem que se caia na apelação ou pieguice é tarefa hercúlea como visto em várias obras com essa temática pululando em HQs, filmes, séries e o que o valha. Poucos conseguem atingir o alvo!

Mas em “Uma irmã” somos levados a outro nível. Aqui as relações são agridoces, cruas. Tudo isso tendo como cenário a bucólica paisagem do litoral francês.

Na trama acompanhamos o jovem Antoine, de férias com os pais e o irmão mais novo Titi. Entre estudos de desenhos sobre pokémons, confusões com valentões na praia, e uma rotina pacata de um garoto de 14 anos aparece no caminho do moleque leite com pera, uma Lolita digna das mais libidinosas obras cinematográficas francesas. Helene, filha de uma amiga da família que vai procurar abrigo e consolo após sofrer um aborto espontâneo. É covardia. Não se faz isso com um garoto.

 Aliás, o tema aborto ronda praticamente toda a história, desde o primeiro diálogo da HQ até uma das conversas entre o casal protagonista, deixando um clima de morte e vida durante toda a leitura.

Algo tem que morrer para que o novo nasça. Isso é percebido quando Antoine se desinteressa por seus estudos de monstrinhos japoneses e se dedica a desenhar o melhor traço de sua primeira musa. Vai doer. E nós queremos mais.

O erotismo come solto nas 212 páginas. Desde uma tragada no cigarro da nossa heroína, até a sequência magistral ocorrida após o primeiro porre do garoto. O primeiro porre, o primeiro contato com drogas, a primeira mentira contada aos pais. ”Uma irmã” é sobre a primeira vez. Sobre todas as primeiras vezes. Ou talvez só as mais importantes.

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Carregado de nostalgia nos traços minimalistas, ora riscados de Bastien Vives, Uma Irmã apresenta o melhor do quadrinho europeu pra quem busca uma leitura diferente do que é proposto pelos quadrinhos tradicionais. Pega Essa HQ!

Nota…