Pega Essa HQ- Meu amigo Dahmer
Jeffrey Dahmer tinha um amigo…e ele escreveu uma HQ
Obra relata adolescência de um dos maiores serial killers da história
Quando Mindhunter estreou na Netflix em 2017 apresentando a origem do termo “serial killer”, a série chegou metendo os dois pés na porta em um thriller psicológico criado por quem entendia do assunto: David Fincher (diretor do ótimo longa Zodíaco, outro notório assassino em série) e produzido por Charlize Theron que viveu no cinema Aileen Wournos, mais uma da turma fora da casinha. Não demorou muito pra que a trama se tornasse queridinha de uma porrada de sites e canais sobre cinema, crimes, assombrações e afins.
Dois anos depois chega ao serviço de streaming “Conversando com um serial killer: Ted Bundy”. Pronto, o estrago tava feito. Assassino em série vende. E muito.
Para alguns é só “entretenimento”. Pra outros é “prestigiar um conteúdo de qualidade”. Aham, Cláudia, senta lá.
Querendo ou não, o assunto serial killer é fascinante. Ah, duvida? Pega ae a musiquinha que o Slayer fez pra “estrela” desse texto e depois volta aqui:
Aliás, volta, Slayer
Retomando…
A curiosidade pelo lado obscuro do ser humano está no inconsciente humano, vide o sucesso de programas policiais sensacionalistas que abarrotam as nossas tardes televisivas. Todo mundo quer saber das motivações que levam pessoas ditas normais a atravessarem a linha do permitido e se transformarem em monstros. Isolamento social, traumas de infância, abuso sexual, repressão…a lista é longa e não explica muita coisa.
Lá pelos primeiros anos da década de 2000, com a internet capengando por aqui, a espetacular Ilana Casoy saciou a curiosidade mórbida de uma galerinha (não precisamos citar nomes aqui, ok?) ávida pelo assunto com seu já clássico livro “Serial Killer: Louco ou cruel?”. Claro que o negócio bombou. Livros, filmes, séries, os serial killers estavam por toda parte …
Mas e nos quadrinhos?
Se esse mundo faltava ser explorado pela banda desenhada, bem, não falta mais. O quadrinista Derf Backderf decidiu esmiuçar sua amizade de adolescência com um serial killer em “Meu amigo Dahmer” e nos apresenta suas memórias ao lado de ninguém menos que Jeffrey Dahmer, um dos mais insanos assassinos seriais da história.
Não conhece o Dahmer? Vem cá, senta aqui, vamos conversar.
Precisamos falar sobre o Jeffrey
Jeffrey Dahmer (ou,er, o Canibal de Milwalkee, como ficou conhecido) matou, estuprou, esquartejou e canibalizou cerca de 17 homens entre os anos de 1978 e 1991 na região de Milwalkee, Wisconsin, EUA.
Vindo de uma família bem estabelecida financeiramente, mas aos frangalhos sentimentalmente, Dahmer cresceu em Bath, Ohio, numa casa onde as brigas entre os pais eram constantes. A mãe sofria de problemas psicológicos. O pai quando não estava quebrando o pau com a esposa estava viajando a trabalho. No meio do furacão Dahmer descobre-se homossexual em uma época ainda mais intolerante que os dias de hoje. A residência dos Dahmer era um túmulo. Não havia diálogo. Não haviam festas. E na cabeça do garoto havia uma bomba prestes a explodir.
Desde a infância, o solitário Jeffrey tinha como brincadeira favorita recolher animais mortos em uma estrada próxima à sua casa.
Tendo um pai químico foi fácil providenciar ácido para dissolver a carne dos bichinhos e guardá-los em recipientes de vidro. Algumas crianças colecionam gibis. Outras, bonecos Funko. O menino vida loka colecionava cadáveres.
Daí a matar animais foi um pulo. E assim o foi até chegar aos seres humanos. A carnificina só acabou em 1992 após denúncia de uma de suas vítimas que conseguiu escapar.
A vida na escola
Mas os primeiros passos para a transformação seriam dados no fim dos anos 70 em Revere High School, Ohio. O que ninguém imaginava era que o aluno mais deslocado e ignorado da turma se tornaria uma celebridade mórbida 14 anos depois. E é durante o período escolar que se inicia a história de “Meu amigo Dahmer”, HQ que veio a luz no Brasil pela Darkside.
A história acompanha a turma de Derf, autor do comic, que “adota” Jeffrey mais por ele ser um garoto esquisito do que por sua popularidade ou simpatia. Estamos nos últimos anos do ensino médio e a HQ nos apresenta aquela fase da vida que define um ser humano (ou pelo menos a sua maioria): o fim da adolescência, os empregos de verão, a saída de casa e ida a faculdade. Seria uma história normal se não fosse pelo colega peculiar daqueles garotos.
Aquela altura, Dahmer era famoso por simular ataques epiléticos nos corredores da escola e estava abaixo da linha do que é aceitável no mundinho superficial escolar da época: apesar da boa aparência, era considerado um pária pela maioria e vítima de bullying constante por parte dos “populares”.
Nesse período Jeffrey já é consumido por um incontrolável alcoolismo. Aliás, alguns registros de seu comportamento estão na HQ: mostrar para os amigos como se derrete um animal morto com ácido, o estripamento de um peixe no que seria uma simples tarde tranquila de pescaria ou matar 6 latas de cerveja durante uma ida de carro ao shopping, no dia da grande despedida de Jeffrey e seus amigos do ensino médio. Ali dá pra ter uma noção do que Dahmer se tornaria? Não se sabe. Mas pistas de seu comportamento nunca faltaram.
O autor também traça um paralelo entre o seu momento de transição para a vida adulta (planos para a faculdade, onde morar na grande cidade) e o de Jeffrey: isolamento social, alcoolismo e cada vez mais distante da realidade. Enquanto a turma de Derf quer sumir da típica cidadezinha americana Dahmer se isola cada vez mais no seu mundo sombrio.
Vale também um destaque para a arte de Derf que lembra mais uma animação que passaria na Mtv nos anos 90. É um cartoon meio-tosco-meio-bem-definido, meio-aliche-meio-mussarela e com ótima narrativa principalmente nos momentos mais sombrios do protagonista.
Como pano de fundo temos um retrato de como esse período escolar pode ser cruel e o quanto as autoridades responsáveis não estão preparadas para lidar com bullying, depressão ou qualquer assunto relacionado a adolescência. É dessa mesma sociedade pão com ovo americana que vemos jovens entrando armados com fuzis em escolas e atirando em qualquer coisa que respire. Também é um retrato mórbidos dos anos 70, que produziu uma vasta quantidade de serial killers: Ed Kemper, Ted bundy, Son of Sam e por aí vai.
Outro ponto positivo da HQ é não lançar um olhar julgador sobre Dahmer. A história é direta. Nos apresenta Jeffrey exatamente como ele era durante esse período. Ou pelo menos como o autor o via.
O livro ainda reúne material extra como páginas que ficaram de fora da história original, um documento cronológico dos acontecimentos, fontes, o contexto histórico de alguns episódios e esboços de páginas.
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