Pega Essa Dica: Tempo de Guerra

“Tempo de Guerra” é uma obra visceral que captura a essência brutal e psicológica da guerra. Dirigido por Alex Garland e Ray Mendoza, o filme mergulha na Batalha de Ramadi, um episódio real da Guerra do Iraque. A narrativa se destaca pela autenticidade, fruto das entrevistas realizadas com veteranos que vivenciaram o conflito. O roteiro é um mosaico de memórias, recriando com precisão a tensão e o caos de um grupo de militares encurralados em território inimigo. A trama não busca justificar ou condenar a guerra, mas sim expor os horrores do combate e os traumas que ele deixa como legado.

As atuações são um dos pilares que sustentam a intensidade emocional do filme. D’Pharaoh Woon-A-Tai entrega uma performance arrebatadora como Ray Mendoza, transmitindo com maestria a luta interna de um soldado dividido entre o dever e o desespero. Cosmo Jarvis também se destaca como Elliott Miller, um fuzileiro cuja vulnerabilidade contrasta com a dureza do cenário ao seu redor. O elenco de apoio, incluindo Will Poulter e Joseph Quinn, contribui para criar uma atmosfera de camaradagem e sacrifício, essencial para o impacto emocional da narrativa.

Visualmente, “Tempo de Guerra” é uma experiência imersiva e perturbadora. A direção de Garland demonstra um domínio técnico impressionante, com cenas de combate filmadas de forma crua e realista. O uso de câmera em mão intensifica a sensação de claustrofobia e perigo constante, enquanto os efeitos sonoros capturam cada explosão e disparo com precisão assustadora. O design de produção também merece destaque, recriando fielmente o ambiente devastado pela guerra e transportando o espectador para o coração do conflito. Além do espetáculo visual, o filme provoca reflexões profundas sobre os impactos da guerra. Alguns telespectadores talvez sintam um certo desconforto em algumas cenas de corpos mutilados, e desespero profundo, esse filme não é para todos.

“Tempo de Guerra” não é apenas um relato sobre sobrevivência física, mas também sobre as cicatrizes emocionais deixadas nos combatentes. A obra se recusa a romantizar o combate, oferecendo uma perspectiva honesta e muitas vezes desconfortável sobre as realidades da guerra. É um filme que prende pela tensão incessante e surpreende pela profundidade emocional, deixando o espectador com questões ecoando muito depois dos créditos finais.

Distribuição: A24