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Pega Essa Dica – Quando Eu Me Encontrar

Uma jovem, em um dia qualquer, deixa uma carta no quarto e desaparece sem deixar pistas de onde foi. Sem dar explicações, abandona sua família e amigos, deixando sua mãe sentindo na pele o mesmo desconforto que ela havia causado à sua própria mãe.

Dirigido por Amanda Pontes e Michelline Helena, Quando Eu Me Encontrar é um filme cearense de 2023 que foi exibido na Mostra de Cinema de Gostoso. O longa usa a música como um recurso narrativo importante, o que dá um tom ainda mais dramático à história. Logo na abertura, somos apresentados à música de Cartola, “Preciso Me Encontrar”, interpretada por duas mulheres na orla. Essa canção já anuncia a essência do filme.

Com muitas cenas focadas em planos fechados nos atores, o filme tenta transmitir emoção, mas, infelizmente, as atuações deixam a desejar. Muitas vezes, elas parecem forçadas, e os diálogos soam mecânicos e desconectados da realidade. A interpretação da mãe, por exemplo, exagera no drama, tornando suas falas robóticas e pouco naturais.

O filme aborda temas como maternidade, família, sentimento de posse e abandono, retratando a jornada de Marluce, que enfrenta os dilemas de ser mãe. Já Mariana, sua filha, irmã de Dayane, enfrenta dilemas com sua adolescência e o bullying na escola em seu dia a dia. A história também retrata a visão de Antônio, ex-noivo tóxico que não aceita o fim do relacionamento e acha que ainda a possui.

As diretoras criam cenários tanto domésticos quanto urbanos para contar essa história. No entanto, o pano de fundo de Fortaleza, onde a trama se passa, é subutilizado, quase não contribuindo para enriquecer o enredo.

Outro ponto fraco são os figurantes, como os colegas da escola, que parecem estar ali apenas para preencher espaço. A falta de naturalidade nas atuações secundárias é evidente, o que tira um pouco da credibilidade das cenas.

Por outro lado, a fotografia do filme condiz com sua proposta dramática, trazendo cenas mais escuras que intensificam o peso emocional da história. E é nas músicas que o filme realmente brilha. Elas, por vezes, narram o que está acontecendo ou antecipam o que está por vir, sendo um dos elementos mais interessantes. Não me recordo de outro filme nacional que tenha usado esse recurso de forma tão central.

Apesar da narrativa sensível e dos temas complexos que aborda, o filme se perde em alguns momentos e não entrega todo o seu potencial. Mesmo assim, dá para notar o cuidado com o tema e a tentativa de trazer algo significativo.

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