Pega Essa Dica – O Corvo
O remake de O Corvo, lançado em 2024, tenta revitalizar um clássico cult, mas se afasta da essência que fez do original um marco. Desde o início, a tentativa de explorar novos arcos das HQs e justificar o mito da ressurreição pelo Corvo prejudica a narrativa ao adicionar complexidade desnecessária. O que antes era um mistério envolto em simbolismo, agora se torna uma história que tenta explicar o inexplicável, retirando a aura enigmática do personagem.
O filme falha em criar a mesma conexão emocional que o original. A motivação do protagonista, movida mais pelo ódio do que pelo amor, reduz a profundidade emocional da história. No filme de 1994, estrelado por Brandon Lee, a vingança era profundamente enraizada no amor trágico e na perda devastadora, conferindo uma carga emocional forte. No remake, a vingança é fria e carnal, sem a mesma intensidade emocional.
O romance entre os protagonistas, que deveria ser o coração da história, é mal desenvolvido e carece de química. No original, o amor entre os personagens era palpável, mesmo em meio ao sofrimento. O protagonista tinha uma relação quase protetora com aqueles ao seu redor, como a jovem que ele cuidava, e tentava redimir aqueles que estavam à deriva. No remake, essa profundidade se perde, e o romance se torna vazio, reduzido a cenas carnais que não transmitem a verdadeira essência de uma história de amor trágica.
O filme introduz um vilão que parece promissor, mas rapidamente se torna uma decepção. Construído como uma grande ameaça, ele é descartado em menos de dois minutos na batalha final, resultando em um clímax apressado e insatisfatório. Esse desfecho enfraquece ainda mais a narrativa, que já estava comprometida.
O tempo de tela também é mal trabalhado, com a história e o ritmo não se complementando. Isso resulta em um filme que se perde em sua própria narrativa, com cenas desconexas, perguntas sem resposta e peças soltas que poderiam ter sido removidas para criar uma trama mais coesa. O final, que deveria ser o ponto alto emocional da história, acaba deixando a desejar, falhando em entregar o impacto esperado.
Em termos de ação, o filme se destaca com cenas bem coreografadas e violentas, lembrando o estilo de John Wick. Essas sequências são explícitas e impactantes, justificando a classificação para maiores de 18 anos. No entanto, apesar das boas cenas de ação, o filme não consegue compensar as falhas narrativas e emocionais.
O remake tenta trazer algo novo para a franquia, mas se afasta demais da essência que tornou o original especial. Com uma motivação superficial, um vilão mal aproveitado, uma narrativa desconectada e uma tentativa falha de explicar o mito da ressurreição, o filme decepciona tanto os fãs antigos quanto os novos. O resultado é um filme que, embora tenha boas cenas de ação, não consegue alcançar seu potencial, deixando uma sensação de desapontamento.