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Pega Essa Dica: O Auto da Compadecida 2

“O Auto da Compadecida 2” chega aos cinemas como uma sequência aguardada que consegue capturar a essência do clássico original, trazendo de volta a magia e o humor característicos da obra de Ariano Suassuna. O filme se destaca principalmente pelas atuações brilhantes de seu elenco, que consegue transportar o público de volta ao sertão nordestino com maestria e carisma.

Selton Mello e Matheus Nachtergaele retornam aos papéis icônicos de Chicó e João Grilo, respectivamente, demonstrando que a química entre os dois permanece intacta mesmo após duas décadas com uma entrega de performances memoráveis, reacendendo a chama da amizade e das travessuras que cativaram o público no primeiro filme. Seus diálogos ágeis e timing cômico impecável são o coração pulsante da narrativa, e não podemos esquecer de Rosinha (Virgínia Cavendish) par romântico de Chicó que mantém a química brilhante e acesa entre os dois personagens.

Um dos pontos altos do filme é a interpretação de Taís Araujo como Nossa Senhora. Herdando o papel da insubstituível Fernanda Montenegro, Araujo traz uma nova dimensão à personagem, oferecendo uma interpretação emocionante e cativante. Sua presença na tela é ao mesmo tempo majestosa e acolhedora, prestando uma bela homenagem à versão eternizada por Montenegro, enquanto constrói sua própria representação única e tocante da Compadecida.

O roteiro, assinado por Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão, consegue equilibrar com habilidade elementos do original com temas contemporâneos. A trama aborda de maneira sagaz questões atuais como o abuso de poder e o monopólio exercido por grandes empresários e políticos, refletindo os desafios da sociedade moderna. Essa atualização temática adiciona camadas de profundidade à narrativa, sem perder o humor característico e a crítica social afiada que marcaram o primeiro filme.

A adição de novos personagens enriquece o universo de Taperoá. Destaque para as atuações de Eduardo Sterblitch, Fabíula Nascimento e Humberto Martins, que se integram perfeitamente ao elenco original, trazendo frescor e novas dinâmicas à história. Suas performances contribuem para a construção de um mosaico de personagens memoráveis e bem desenvolvidos.

No entanto, um aspecto que pode dividir opiniões é o uso extensivo de CGI (Imagens Geradas por Computador) em várias cenas do filme. Enquanto essa escolha estética permite a criação de cenários grandiosos e efeitos visuais impressionantes, ela também se afasta um pouco da autenticidade e do charme artesanal dos efeitos práticos do primeiro filme. Essa abordagem mais digital, embora tecnicamente competente, pode causar um certo estranhamento em fãs do original que apreciavam a estética mais crua e realista.

Apesar dessa pequena ressalva, “O Auto da Compadecida 2” se firma como uma sequência digna, que consegue capturar o espírito do original enquanto oferece uma experiência cinematográfica renovada e relevante. O filme empolga, diverte e emociona, provando que as aventuras de Chicó e João Grilo ainda têm muito a oferecer ao público brasileiro. Com sua mistura de humor inteligente, crítica social e performances memoráveis, esta sequência se estabelece como uma celebração da cultura brasileira e um testemunho da atemporalidade da obra de Ariano Suassuna.

Distribuição: H2O Filmes

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