Pega Essa Dica- Grande Sertão
“Grande Sertão” emerge como uma obra visionária que ressignifica o clássico romance de Guimarães Rosa para uma realidade contemporânea, transformando o sertão árido em um cenário urbano dominado por facções criminosas. Sob a direção habilidosa de Guel Arraes, conhecido por sua maestria em trazer à vida a essência do Brasil, o filme nos conduz por um labirinto de becos e vielas onde o conflito entre bandidos e policiais se desenrola como uma epopeia moderna.
A escolha de ambientar a história em um complexo de favelas, batizado de “Grande Sertão”, confere ao filme uma textura única, repleta de simbolismo e crítica social. Aqui, a luta pela sobrevivência e pela identidade se entrelaça em diálogos poéticos que ecoam as profundezas da alma humana. As atuações impecáveis de Caio Blat e Luisa Arraes dão vida a Riobaldo e Diadorim, jovens mergulhados em um turbilhão de dilemas éticos e paixões proibidas.
A narrativa, habilmente construída, mergulha o espectador em um mundo distópico onde a linha entre o certo e o errado se desfaz em meio ao caos urbano. As cenas de confronto são intensas e visceralmente reais, capturando a essência da guerra urbana sem jamais perder de vista a poesia intrínseca à obra original de Guimarães Rosa. O Efeitos especiais podem soar singelos e simples, talvez não traga autenticidade a nível de uma cinematografia tão rica quanto ao roteiro, mas isso é só um detalhe em meio a uma entrega tão envolvente e estarrecedora.
“Grande Sertão” é mais do que uma simples adaptação literária para as telas; é um manifesto à resiliência do povo brasileiro diante das adversidades. Com uma cinematografia arrebatadora, o filme se firma como uma obra-prima contemporânea do cinema nacional, capaz de provocar reflexões profundas sobre a natureza humana e o destino de uma nação em constante transformação.
Paris Filmes / Globo Filmes