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Pega Essa Dica: A Semente do Fruto Sagrado

A Semente do Fruto Sagrado foi dirigido por Mohammad Rasoulof, o filme se passa no meio de uma confusão política de Teerã, que começa depois da morte de uma mulher. Um dos personagens dessa trama é Iman, que foi promovido a juiz de instrução e está enfrentando uma batalha interna contra sua paranoia, seu novo cargo traz uma pressão muito grande prejudicando sua saúde mental, juntamente com todo caos político deixando ele em alerta constante.

Sua esposa que é muito apegada às tradições e suas filhas que acompanham toda crueldade pelas redes sociais e são contra o que os pais defendem, e isso começa a trazer conflitos para toda família onde eles perdem a confiança uns nos outros.

O filme troca o protagonismo o tempo todo, o diretor tenta falar dos problemas do país naquela família que entre si são diferentes, o núcleo familiar é o grande protagonista, a casa se torna um lugar de opressão onde a mãe pressiona as filhas a concordarem com ela, o pai está muito ocupado e não aparece e tudo fica nas costas da mãe, por terem opiniões diferentes as filhas vão cortando laços com a mãe que não vê a realidade por seguir tão fielmente os costumes, o posicionamento do pai traz a ditadura para dentro daquela casa expondo a família a situações absurdas.

A casa é o cenário principal da história, o que acontece do lado de fora acompanhamos junto com as meninas pelo celular, o diretor trouxe essa sensação para o público colocando os vídeos na vertical como se realmente estivéssemos com elas apenas assistindo. As imagens são muito fortes, os diálogos são muito agressivos ou vão pela linha passiva agressiva dando a sensação de pressão e alerta o tempo todo, nós como público também passamos a desconfiar dos personagens em alguns momentos.

O filme faz uma crítica ao governo ele não mostra os conflitos diretamente mas mostra como uma posição fanática pode destruir uma relação familiar, a pessoa pode ficar tão paranoica que não vê a realidade e o diretor fez questão de mostrar essa realidade, sendo explícito nas cenas e nos discursos, ele não mostra apenas sua perspectiva mas sim do coletivo

O conflito entre Iman e sua família começa a dar protagonismo às mulheres e permite que elas tenham voz e ação na história já que é a própria liberdade feminina e a opressão religiosa que esmaga essa parcela da população é a grande pauta, três mulheres contra Iman e contra o regime, as meninas são a geração mais jovem buscando uma mudança esse embate geracional e trazido mas ele tem um destaque maior com a filha mais velha e a mãe.

O filme tem momentos muito agonizantes, quase um terror principalmente para uma mulher, a escolha do final foi bem significativa principalmente pelo que ele critica no longa, mostra tão abertamente o que acontece no Irã e dando protagonismo para personagens femininas é um ato de coragem muito grande.

Tudo funciona muito bem, o elenco está muito bom, a direção é impecável, preciso ressaltar o excelente trabalho da maquiagem, o único ponto que atrapalha um pouco é o final com todas as cenas de ação, um pouco forçadas, mas acho que o diretor escolheu fazer dessa forma para trazer a união entre as 3 mulheres da família.

O filme tem mais de duas horas chegando a quase três, mas eu não senti ele passar, acho que foi necessário entender a dinâmica da família para depois conseguirmos entender o conflito, filme excelente.

Distribuidora: Mares Filmes

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