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Pega Essa Dica: A Ordem do Tempo

A ordem do tempo, drama italiano de Liliana Cavani, retrata um grupo de amigos que anualmente se reúne para celebrar um aniversário; nesse ano, porém, o clima de celebração divide espaço com reflexões e receios com a chegada da notícia de que o mundo acabará em menos de 24 horas.

O filme é inspirado no livro homônimo escrito por Carlo Rovelli, físico italiano, professor e escritor best seller de obras como Sete breves lições de física e A realidade não é o que parece. No livro que serviu de inspiração ao longa, Rovelli faz uma verdadeira viagem sobre a nossa concepção do tempo ao longo da história e as mudanças e avanços acerca dela, ainda que segundo o mesmo ”estudar o tempo seja como segurar um floco de neve: à medida que o estudamos, ele derrete por entre os dedos até desaparecer”; e o autor faz isso com uma linguagem poética, apoiado em referências de diferentes períodos e áreas do conhecimento. Com citações que vão desde outros cientistas, passando por visões religiosas e chegando até os clássicos da literatura.

Apesar de poucos personagens na trama dirigida por Cavani, é perceptível a partir de suas histórias a preocupação em retratar as diversas linhas de pensamento que Carlo traz no livro. Mostrando não só como diferentes formas de pensar podem existir em harmonia, mas também – e talvez principalmente – o quanto elas podem se enriquecer mutuamente.

No decorrer da história, com o fim do mundo iminente, a percepção do tempo parece se confundir, tanto para os personagens, que de maneira intensa vivem o presente, com receio pelo futuro (e se haverá um), ao mesmo tempo em que refletem e expõem questões do passado até então adormecidas e desconhecidas pelos outros; quanto para quem está do lado de cá da tela, que pode sentir uma lentidão na maneira como as coisas ocorrem, ao mesmo tempo em que conhece mais de cada um dos cinco amigos; mais do que o tempo de tela poderia nos fazer esperar.

Por um momento o fato do filme focar tanto na história pessoal dos personagens gerou um incomodo, mas é interessante ver como a diretora conseguiu produzir uma obra que abordasse de forma tão simples questões complexas; e lendo o livro fica claro que sua ideia foi focar no essencial dele e não em ser uma aula, entendendo que ”no final, possivelmente, o mistério do tempo diz respeito mais ao que somos do que ao cosmos”. E esse é o grande ponto do filme, levar o telespectador a refletir sobre a própria vida e o que tem feito com o tempo que tem.

*as citações no texto foram retirados do livro A ordem do tempo, de Carlo Rovelli.

Distribuidora: Pandora Filmes

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