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Pega Essa Dica – A Filha do Palhaço

A Filha do Palhaço (2024), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Embaúba Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir de 30 de maio de 2024, com classificação etária 16 anos, duração de 104 minutos, tendo sido produzido no ano de 2022, vencedor da categoria Júri Popular da Mostra de Cinema de Tiradentes 2023.

A relação entre as pessoas não é determinada pelos laços de sangue. O parentesco biológico não assegura, em nenhum momento, uma ligação sólida. Em contrapartida, a convivência, que é um elemento crucial, tem o poder de aproximar as pessoas. No filme, pai e filha enfrentam esse dilema. Mesmo tendo o mesmo sangue, o afastamento causado pelo abandono torna os dois praticamente desconhecidos.

O longa aborda um tema muito delicado e que certamente ressoará em muitos espectadores: a ausência paterna. A partir dessa ideia, acompanhamos a história de Joana (Lis Sutter), uma adolescente de 14 anos, que decide passar uma semana na casa do pai que a abandonou, na esperança de criar um vínculo com ele. A narrativa do filme instiga a curiosidade ao desvendar aos poucos os assuntos pessoais de Renato (Demick Lopes), o pai ausente. Com o reencontro tardio entre eles, surge a possibilidade de uma reconciliação e do tão desejado estabelecimento de um laço familiar.

O Diretor Pedro Diógenes (Inferninho, 2018), exibe uma direção delicada e atenciosa, fundamental para um filme que aborda temas tão íntimos e emocionais. Ele permite que a trama se desenvolva de maneira natural, sem impor momentos de clímax ou soluções simplistas. A abordagem do diretor é pessoal, privilegiando close-ups e cenas extensas que captam a complexidade das emoções de Joana. Certamente, a opção por um ritmo mais lento na narrativa pode ser vista como um aspecto ambíguo. Por um lado, isso possibilita uma imersão mais intensa nas emoções e nas sutilezas dos personagens. Por outro, indubitavelmente, pode desafiar a paciência do público que prefere uma narrativa mais ágil.

Lis Sutter, entrega uma performance notável. Sua interpretação é marcada por uma vulnerabilidade que torna sua busca por identidade e verdade ainda mais comovente. Além disso, a jovem atriz consegue transmitir a dor, a confusão e a determinação de Joana com uma sutileza que evita o melodrama. Seu desempenho é o coração do filme, e ela carrega a narrativa com uma presença convincente e empática.

Ademais, Demick Lopes adota uma postura e um dinamismo que contrastam fortemente com sua figura de pai. Esta dualidade é interpretada com maestria, mostrando uma faceta alegre e carismática quando em traje de palhaço, enquanto fora desse contexto, ele é mais introspectivo e carregado de uma melancolia silenciosa.

Similarmente, os atores coadjuvantes também contribuem significativamente para o filme. Os personagens secundários, embora não tão desenvolvidos quanto Joana, são retratados com uma autenticidade que adiciona camadas à história. A interação de Joana com essas figuras – sejam elas familiares, amigos ou estranhos – enriquece a narrativa e fornece diferentes perspectivas sobre sua busca.

Diante de tudo isso, A Filha do Palhaço se mostra um filme que irá dividir a opinião daqueles que o assistirem. Quem gosta de um filme ágil provavelmente não irá aproveitar a jornada de Joana, mas para aqueles que gostam de apreciar o caminho, é um prato cheio.

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