Pega Essa Crítica do Filme – A Esposa
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Joan (Glenn Close) é a esposa dedicada de Joe Castleman (Jonathan Pryce), um escrito renomado, que mesmo apontada pelo próprio marido, quando ainda era seu professor, como uma escritora talentosa, abandonou sua paixão por escrever para se dedicar totalmente ao seu marido e garantir que tudo funcionasse para o sucesso de sua carreira ao invés da dela.
Quando Joe ganha o Prêmio Nobel de Literatura, a maior conquista de sua carreira, o casal parte para Estocolmo para a premiação, junto com seu filho David (Max Irons), que é aspirante a escritor e anseia a aprovação do pai. Entre todos os compromissos e cerimônias Joan começa a se sentir menosprezada, colocada de lado na categoria de “esposas dos premiados” o que faz com que ela comece a rever suas escolhas e encarar verdades que estavam a muito tempo esquecidas.
O filme se divide entre a excitação de Joe em ganhar o Nobel e os flashbacks da vida de Joan que mostram como a relação deles evoluiu de aluna e professor para marido e esposa, as lembranças de Joan, que então é interpretada por Annie Starke, filha de Glenn Close, servem de contexto para o relacionamento que é apresentado no início do filme e a aparentemente súbita mudança de comportamento dos personagens.
Glenn Close, que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz por esse papel, é silenciosa, mas intensa a todo momento, a construção de sua personagem é irrepreensível, é possível notar toda a bagagem que levou Joan a aquela circunstância, a mudança interna de esposa prestativa a uma mulher que finalmente reconheceu seu valor é observada em pequenos gestos, como um sorriso irônico ou um olhar impetuoso.
Jonathan Pryce, que também interpreta seu personagem com maestria, nos traz um homem vaidoso, que se mostra surpreso com o descontentamento da esposa, afinal de contas ele nunca imaginou que ela poderia ter as próprias ambições, porém Joe é cativante e a primeira vista atencioso, Pryce alterna entre as faces de Joe com fluidez, o que faz com que seu personagem não seja um vilão óbvio, mas uma personalidade crível.
O longa, que é uma adaptação do livro homônimo da escritora Meg Wolitzer, da voz a muitas mulheres que viveram e vivem como simples acessórios de seus maridos, durante muito tempo Joan acreditou que não poderia existir sem o amparo do marido, que não teria valor suficiente se não estivesse com ele, mesmo que Joe faça sempre questão de que sua esposa esteja presente durante todos os momentos de sua carreira e de menciona-la em todos os seus discursos de agradecimento, cada vez mais vamos percebendo como esses discursos são na verdade um disfarce de seu próprio narcisismo.
A Esposa guarda sua grande revelação para os momentos finais, porém a essa altura o segredo do relacionamento do casal já se tornou algo previsível e como consequência, o impacto da revelação é minimizado, outro aspecto não tão bem explorado na trama é o relacionamento com o filho do casal, David, que se comporta como um adolescente emburrado e não entrega eficientemente as emoções nos momentos de conflito, fazendo com que esses momentos, que são importantes no desenvolvimento da história que levam para a revelação final, não pareçam nada além de chiliques de um garoto mimado.
Em suma, A Esposa é um filme que expõe um machismo que muitas vezes não é visto como tal, minimizado por aquela velha história de “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”, como se isso fosse de alguma forma uma exaltação válida da esposa que abandona seus sonhos para, como a própria personagem diz em certo momento, “criar reis”. Além da importância do assunto tratado, a competência dos protagonistas, Glenn Close e Jonathan Pryce, é mais do que suficiente para fazer com que este seja um filme que valha a pena conferir.
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