Casa Gucci: Um “Casos de Família” de milhões de dólares
Casa Gucci estreia nos cinemas brasileiros essa semana, e nós do Pega Essa já tivemos a oportunidade de conferir esse filmaço, que mistura “Casos de Família” com “O Poderoso Chefão” e certamente é uma baita aula de atuação!
E como já deixei claro, a atuação dos protagonistas é certamente o ponto forte do filme de Ridley Scott. Afinal, não esperávamos menos de um elenco formado por nomes como Jared Leto, Adam Driver, Al Pacino, Jeremy Irons e Lady Gaga. Essa última inclusive entrega uma performance impecável! Os trejeitos (e surtos) da Patrizia Reggiani são muuito bem interpretados pela Gaga, que entrega sua melhor atuação nos cinemas. Esqueça a Ally, de Nasce uma Estrela ou suas personagens de American Horror Story. Aqui vemos uma atriz mais madura em cena, que rouba os holofotes em cada minuto de tela. E o mesmo podemos falar de Adam Driver na pele de Maurizio Gucci, e de Jared Leto, irreconhecível como Paolo Gucci. Ambos demonstram um trabalho de pesquisa e personificação extraordinário, e de fato convencem dentro de seus personagens. Fora o sotaque italiano de todo o elenco!
Outro ponto de destaque é certamente o figurino. Afinal, é um filme que retrata parte da história (e tragédia) da família Gucci, dona de um dos maiores impérios da moda mundial. Gaga esbanja extravagância em seus looks, enquanto o elenco masculino traz elegância e modernidade em seus looks. Conseguimos enxergar também as mudanças nos conceitos da Gucci no decorrer dos anos 90, vendo isso traduzido no figurino dos protagonistas no decorrer das 2h38 de filme.
A trilha sonora e a fotografia, juntamente com os cenários e alocações ajudam muito o espectador a se sentir na Europa durante o início dos anos 90. Nos sentimos transportados para aquele momento peculiar da história! E todo o “ar contemporâneo” trago pela Gucci, além de todas as polêmicas ajudam a complementar ainda mais todo o pano de fundo do filme.
Contudo, nem tudo são flores durante as quase 3h de filme. E é no roteiro onde temos alguns problemas.
Ridley Scott é famoso por ter dirigido filmes como Alien, Blade Runner, Gladiador, A Cruzada. E talvez Casa Gucci seja o filme mais “ousado” e fora da caixinha do diretor. Ele é um filme muito focado em desenvolvimento de personagens que tem uma BAITA história pra contar. Mas em alguns momentos Scott se perde na narrativa. Tem muita coisa rolando e há alguns avanços temporais que confundem a trama. E se o espectador não conhece a “história real” de Patrizia e Maurizio Gucci, vai se perder em alguns momentos. Um exemplo simples é na condução da personagem da Gaga no início da trama: suas ambições, desejos e “objetivos” não são bem explorados no começo do filme. Você deduz que ela é uma pessoa com sede de poder, que quer ser alguém importante com muita influência. Mas em nenhum momento isso é trabalhado no filme, deixando muito nas entrelinhas essa dedução. Além disso algumas tramas menores no decorrer do filme são um pouco confusas, servindo mais de “easter egg” pra quem conhece a história da família.
E esse problema de roteiro se intensifica um pouco mais no 3º ato do filme. Tudo acontece muito rápido, dando a impressão de que o filme se delongou muito no seu início e meio, deixando o desfecho com pouco tempo pra ser trabalhado.
Independente disso, certamente é um filme digno de Óscar, por váários motivos (atuação e figurino em especial). Os detalhes do roteiro são facilmente driblados por uma pesquisa rápida na internet pra entender um pouco mais no detalhe a história da família Gucci. Ou até mesmo conferindo o livro “Casa Gucci – uma história de Glamour, Ganância, Loucura e Morte”, de Sara Gay Forden, que serviu de base para o filme.
Saí do cinema pensando na manchete que esse filme teria se fosse um episódio de Casos de Família: “Minha mulher casou comigo, mas seu amor por dinheiro era maior do que seu amor por mim.”, hahahaha….
Prepara a pipoca e não deixe de conferir Casa Gucci nos cinemas, a partir do dia 25 de novembro de 2021.