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PEGA ESSA CRÍTICA DO FILME-Coringa

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Coringa é um filme com viés psicológico e social.

Que vai do cidadão ao vilão – elementos da narrativa que constroem esse personagem:

Arthur Fleck é um personagem que encarna a persona de Coringa para explicar a sua origem. De maneira realística levando fãs de HQs a loucura por ferir alguns conceitos epopeicos vindos das histórias em quadrinhos sobre Gothan City e seus heóis e vilões.

Pois bem, de maneira desprendida das histórias da DC Comics, e somente fazendo referencias para trazer um pouco do teor do personagem, Coringa é um filme que fala muito mais sobre a sociedade e suas reações do que de personagens fictícios de um “comic book”.

Ambientação:

Arthur Fleck é um homem qualquer, que vive em um bairro pobre de Gothan City, cidade que sempre fez um paralelo com Nova Iorque. Esquálido, com um emprego informal que sustenta sua mãe doente e ele em um pequeno apartamento. Nesse aspecto, esse personagem já pode ser comparado a qualquer um de nós, suburbanos, que vive em uma periferia de uma grande metrópole. Mas, ainda tem mais!

Gotham City é representada entre os anos 70 e 80 mais ou menos (figurinos, aparelhos eletrônicos, programas de tv, rádio, e outros artefatos nos remetem a essas décadas) em uma época de caos político e social.

Características cinematográficas:

Entre nuances de belos filtros de cor, luz e sombra cria-se a atmosfera do filme que tem bela fotografia e também excelente caracterização, montagem, etc.

A trilha sonora e mixagem de som acompanham toda a luta e mazelas do personagem fazendo com que haja grande imersão do público na trama.

O uso de recursos de cores para ambientar as sensações e ilusões do personagem são feitos de maneira primorosa.

Em termos artísticos , Todd e Phonix conseguiram criar características excepcionais para o personagem risada, jeitos, trejeitos, reações se mesclam de maneira ilustre a fotografia e composição das cenas.

Logo no inicio do filme já se percebem as diferenças de paleta de cores utilizadas: Nas ruas tons frios, sombrios, azulados, acinzentados. Em sua casa, tons pastéis, amarelados, como se fosse chama de vela ou de um abajur como iluminação do cenário representando fortemente as nuances da realidade crua lá de fora, o mundo cruel vs o que ele vive em casa o acalanto do que ele sente quando está com sua mãe.

A psicologia do filme:

Logo na primeira cena já há um apelo à empatia do público – cenas de bullyng a um trabalhador de rua vestido de palhaço e os dizeres Joker tomam conta da tela em tipografia que lembra os filmes dos anos oitenta. Letras garrafais, em amarelo ovo dão a entrada para um longa-metragem repleto de cenas tristes que fazem o espectador criar esse sentimento a primeira vista com o personagem Arthur Fleck.

Arthur tem o que poderíamos na vida real chamar de Epilepsia Gelástica que o faz rir demasiadamente em situações de estresse através de espasmos que fazem com que perca o controle de parte de seu corpo. Seu encontro com a assistente social mostra que está sob medicações e que tem mais de um diagnóstico de síndromes. Ele vive com sua mãe (interpretada por Frances Conroy) que aparenta ser normal, mas mesmo assim ele a alimenta, veste sua camisola, a põe para dormir, como uma mãe faria com seu filho, o que talvez possa remeter a outra síndrome uma relação de autoerotismo com ela. E somado a tudo isso um complexo de édipo na figura de sua grande admiração a Bill Murray (interpretado pelo aclamado Robert De Niro) que ele tem como um pai, inclusive em momentos de devaneios em que sonha sua ida ao programa do apresentador de televisão que ele tanto venera.

Arthur nitidamente sofre de Transtorno de Personalidade Antissocial (maneira como atualmente é chamada qualquer doença de nível psicótico, delirante ou que causem algum distúrbio social como a depressão por exemplo, o TOC ou síndrome do pânico). Pessoas assim podem ter vidas normais quando estão sob efeito de medicações e acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico , porem, Arthur em determinado momento suspende suas medicações e acompanhamento de assistente social por um motivo de “rearranjo” governamental.

Com tudo o que vinha passando e algumas cenas que não vou comentar pra não gerar spoiler, se encontra em situações limítrofes que tornam-se gatilhos e aí, começa a nascer a grande transformação e a chegada de Coringa como pseudônimo. Tudo isso funciona como ruptura tanto do ponto de vista cinematográfico como psicológico o que faz o filme ser divino em muitos aspectos.

A tal da empatia:

Nos Estados Unidos houve uma grande motivação das pessoas em fazer motim e tentar que a obra não fosse exibida nos cinemas por conta do atentado que ocorreu em uma exibição de Batman há alguns anos atrás.

Muitas pessoas acreditam que as demasiadas violências dos filmes podem desencadear atitudes corrosivas na sociedade e tentam de todas as formas deturpar a imagem de filmes e séries criados para entreter e de maneira fictícia contar histórias.

Pois bem, com Coringa não foi diferente. O medo de que a obra pudesse causar uma sensação de pena e empatia pelo personagem e suas atitudes serem justificadas se alastrou porém, devo dizer que o filme entrega todas as ferramentas para que estas sensações se tornem nulas ao longo da trama com plot twists que mostram um Arthur que não foi quebrado pela sociedade mas que suas desordens mentais tiveram gatilhos acionados a ponto de transforma-lo em um psicopata sanguinário, violento, rancoroso e vingativo.

Voltando ao tema anterior da psicologia, psicopatas não tem sentimentos (pelo outro) e aí vocês podem se perguntar, mas e a vizinha? A vizinha é uma das várias doenças, a da obsessão, o que também se mostra em sua necessidade de provar algo pra Thomas Wayne e para Bill Murray (alvos de mais uma obsessão).

Com todos os diagnósticos, com as cores que mostram o que é real e o que não é em cada cena e suas oscilações de humor, com as cenas repletas de sangue vai montando-se o quadro que não mais o exime de culpa e faz com que enxerguemos do que ele é capaz, colocando-o no espectro de um serial killer e alcançando o clímax do filme que trata sob a doença da sociedade: psicofobia e sociopatia. Arthur em certo momento diz: “A pior parte de se ter uma doença é que as pessoas esperam que você aja como se não tivesse”.

Nós temos ai uma excelente trama rasgada de significados, camadas, que geram uma profunda reflexão. Um soco no estômago muito bem dado que te direcional a pensar sobre como a sociedade reage a determinadas diferenças e doenças de pessoas a sua volta além de mostrar também um pouco de perfil político de onde estamos e pra onde podemos ir. Onde o caos é uma pequena linha entre o normal e o infame. E a pergunta que fica mas que o próprio filme responde é: Será que Bullyng justifica violência?

Tudo é construído para aparentemente justificar o que vem depois, mas, na verdade, a mensagem não é essa, e sim, que temos uma sociedade doente que precisa de reparos urgentes. Realístico e visceral, o filme se transporta de um personagem de HQ para o cotidiano lá fora.

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