Pega Essa Dica – Kasa Branca
Kasa Branca é um longa dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, ele acompanha a história de 3 jovens, Dé, Adrianim e Martins, eles vivem na periferia de Chatuba, no Rio de Janeiro, além de conhecermos amizade entre eles acompanhamos o amor incondicional Dé pela sua avó Dona Almerinda, uma senhora que sofre de Alzheimer em estado avançado, o Dé cuida dela sem recurso nenhum, mas ele da um jeito, tudo para ela ficar bem, custe o que custar, quando ele recebe a noticia que Dona Almerinda têm pouco tempo de vida ele decide aproveitar esses dias e proporciona experiências muito especiais para sua avó.
Dentro do filme existem outras narrativas um pouco mais voltadas para adolescência o que traz uma leveza pra história, começando pela Talita uma personagem muito forte, que está lutando pelo seu sonho de ser cantora, perdeu seu primeiro amor e é mãe solo. Adrianim vem como um personagem muito fofo ele traz uma calmaria e até mesmo uma certa inocência e Martins é o maior alívio cômico desse filme ele têm os dramas dele, mas é tão de bem com a vida, extremamente atrapalhado mas de cara já percebemos seu bom coração.
O personagem do Dé é muito especial, o ator entregou tanto eu senti que de fato aquilo era real e não apenas um filme, ele entregou os dramas e muitos dos sentimentos do que uma pessoa que é cuidadora de alguém com Alzheimer passa, ele tinha sim a ajuda dos amigos mas ele precisa da ajuda de um adulto, do governo que muitas vezes não dá o suporte necessário na saúde, não é fácil cuidar de uma pessoa nessas condições e além do cansaço e a força que ele precisou ter para dar esse suporte ele não caiu e não se abateu em nenhum momento porque ele sabia que tudo que Dona Almerinda tinha era ele, e ela se tornou a vida dele, o único momento que ele desaba nesse filme nós desabamos junto, e não é uma questão do personagem não conseguir chorar ele simplesmente não pode.
O final do filme é muito forte, bonito e real, atriz que dá vida a Almerinda fez um trabalho fantástico, seu olhar ao mesmo tempo que dizia tudo também não dizia nada, você olhava pra ela e sabia que ela já não estava mais ali pelo menos em mente, ela tem uma fala nesse filme em um momento muito comum em pessoas com essa doença que é chamar pessoas do passado dela que não estão mais aqui, você sente o desespero dela, pois com o avanço dessa doença ela talvez nem reconheça o neto, cada caso é único.
Esse filme trabalha questões muito importantes e reais da vida periférica abandono do estado, do descaso na saúde, gravidez na adolescência, truculência policial, abandono parental e a religiosidade. Esse filme é muito sobre amor incondicional, união, amizade, sobre família que a gente escolhe, é um filme muito potente e que vai emocionar muito, quem já conviveu ou cuidou de uma pessoa com Alzheimer vai sentir ele mais forte ainda, porque só quem passou entende como é doloroso ver alguém que se ama tanto morrendo aos poucos na sua frente e como é essencial ter uma rede de apoio para sobreviver a essa dor, seja família de sangue ou seja a família que nosso coração escolheu, esse filme muito necessário.