Pega Essa Dica – O Primeiro dia da minha vida
Costumo acompanhar, presencialmente ou por streamings e sites, diversos festivais de cinema que são exibidos em solo brasileiro. No último trimestre de 2023, durante o Festival de Cinema Italiano, foram disponibilizados on-line, durante poucos dias, pela plataforma do festival, filmes atuais e clássicos que, para deleite dos cinéfilos, celebram a história italiana através de suas atemporais películas.
Entre as obras disponibilizadas, uma chamou demais minha atenção, pois, me deparei com um elenco cativante, liderado pelo ator veterano, Toni Servillo, repleta de bons diálogos e falas coesas, concedendo ao filme o poder de transitar por momentos e gêneros distintos, dado seu tom dramático e por muitas vezes delicado, engraçado, mas principalmente melancólico.
Pois bem, toda essa introdução serve para demonstrar qual foi a minha surpresa quando, meses depois, fui convidado para realizar a crítica e contemplá-lo novamente, só que agora na telona, o filme: O Primeiro Dia da Minha Vida (il Primo Giorno Della Mia Vita, 2023), distribuído aqui no Brasil pela Pandora Filmes, e com data para o grande público acompanhá-lo nos cinemas a partir de 14 de março de 2024.
O filme é baseado no romance Perfeitos Desconhecidos, escrito em 2018, pelo próprio diretor Paolo Genovese, e nos apresenta a história de quatro pessoas, Arianna (Margherita Buy) uma policial, Napoleão (Valerio Mastandrea) um coach de vida, Emilia (Sara Serraiocco) uma ex-atleta olímpica e Danielle (Gabriele Cristini) uma criança youtuber, que não se conhecem mas possuem em comum a vontade de pôr fim a suas vidas. Caberá a um misterioso homem sem nome (Toni Servillo) levá-los em uma jornada na tentativa de convencê-los a reavaliar suas existências, para que, caso decidam prosseguir com a ideia original, tenham verdadeiramente consciência do que perderão.
O enredo aborda temas considerados taboo pra sociedade e principalmente para igreja, como vida-morte-suícidio. Os personagens estão literalmente em um limbo existencial. O roteiro utiliza como base, para o desenvolvimento dos personagens, algumas perguntas filosóficas universais: O que é a felicidade? Como alcançá-la? O que é a tristeza?
Provavelmente, cada espectador receberá a mensagem do filme de uma forma diferente, pois, fica claro que o diretor deseja utilizar o conhecimento de mundo de quem assiste para que se identifiquem com a obra. É arriscado, pois o conhecimento de mundo, ou seja, a experiência acumulada de vida de cada um de nós, nunca é igual, o que pode fazer com que as pessoas que não passaram por situações semelhantes não se identifiquem ou achem até mesmo bobo ou forçação de barra a história dos personagens.
A trilha sonora é utilizada com sutileza para acentuar os momentos mais descontraídos e dramáticos da trama.
O filme traduz em imagens, o famoso: “só sentimos falta de algo quando o perdemos”. Pode ser o simples ato de beber café, comer um prato específico ou até um banho quente.
Este filme é mais do que um entretenimento simples, pois oferece aos espectadores a oportunidade de refletir sobre coisas obvias, mas que as vezes precisam ser lembradas, como o fato de que ninguém é feliz o tempo todo e está tudo bem! A dor do mundo é muito grande para uma pessoa só suportar, aprenda a dividi-la!
É uma obra que deve ser vista pelo máximo de pessoas possíveis. São quase duas horas de duração, mas que mesmo tendo um ritmo lento, parecem passar muito rápido. Você se importa com os personagens, seus dramas e com a decisão final que tomarão. O ponto negativo do filme é que ele acaba!
Minha recomendação é que assistam, e que, busquem através das experiências dos personagens, considerar o valor de sua própria existência e o impacto que ela tem no mundo ao redor que vivem.